"Recordando momentos da ALMA DANÇA"







Recordando
Casimiro de Abreu


Meu Deus, deixai que eu me esqueça
Da minha vida de agora,
Que apenas o meu passado
Eu possa alegre rever;
Deixai que me identifique
Com os raios da luz de outrora,
Daquela risonha aurora
Do meu passado viver.

Que eu sinta de novo a vida
Na infância linda e ditosa,
Na alegria inalterável
Do lugar onde nasci;
Quero rever novamente
A paisagem luminosa,
Sentir a emoção grandiosa
De tudo o que já senti!...

Ah! que eu possa hoje olvidar
Imensidades, esferas,
Concepções mais perfeitas
No progresso que alcancei;
Que das ruínas, dos escombros,
Minhalma retire as heras,
E contemple as primaveras
Da vida que já deixei.

Quero aspirar os perfumes
Dos cendais cheios de flores,
Na fresca sombra dos vales,
Sob a luz do céu de anil!
Rever o sítio encantado
Da minha estância de amores,
Meus sonhos encantadores,
Minha terra, meu Brasil!

Escutar os sinos calmos
Sob a alvura das capelas,
Enchendo as longes devesas,
De convites à oração;
Sentar-me no prado agreste,
Beijar as flores singelas,
Mirar a luz das estrelas,
Ouvir a voz da amplidão!
Correr sob o sol-nascente
Até que chegue o luar,
Procurando os passarinhos
E as borboletas tafuis;
Que esperança, que ventura!
Viver, sofrer, e amar
A campina, o Sol, o mar,
Campos verdes, céus azuis

Ser homem e ser criança,
Toucar-se a alma das galas
Da poesia inexprimível,
Da alvorada e do arrebol...
Oh! Natureza da Terra,
Que tesouros não exalas,
Na carícia dessas falas
Do passarinho e do Sol!

Eu gozo de quando em quando,
Revendo essa claridade,
Da existência transcorrida
Guardada no coração;
E dos cimos desta vida,
Na excelsa Imortalidade,
Verto prantos de saudade
A luz da recordação.

 Francisco Cândido Xavier - Parnaso de Além-Túmulo

TRATO EM DOIS FOCOS






"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arriscaestá no amor que não damos, nas forças que não usamos,na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
 A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

 Carlos Drummond de Andrade




Cecília Bazzotti

"Ascensão" Casimiro Cunha







Ascensão
Casimiro Cunha


Perguntai à flor virente,


De pétalas multicores,
Que com mágicos olores
Perfumam vosso ambiente,
O que fazem cá no mundo,
Tão viçosas, perfumadas,
Pelas sendas desoladas
Deste abismo tão profundo.
Como sorrisos dos Céus,
Essas flores perfumosas
Responderiam formosas:
– “Nós marchamos para Deus!”
A ave que poetiza
Com seus cânticos maviosos
Vossos campos dadivosos
Em beleza que harmoniza,
Se perguntásseis também,
Ela vos retrucaria:
- “Caminhamos na alegria,
Para a Luz e para o Bem.”
Tudo pois, em ascensão,
Marcha ao progresso incessante,
A alvorada rutilante
Da sublime perfeição.
Segui pois, irmãos terrenos,
Nessas trilhas luminosas,
Caminhai sempre serenos,
Entre lírios, entre rosas;
Entre os lírios da Bondade,
Entre as rosas da Ternura,
Espargindo a caridade,
Consolando a desventura.
Só assim caminharemos
Nessa eterna evolução,
E no Bem conquistaremos
A suprema perfeição.



NÃO DEIXE O AMOR PASSAR - Drumond




Drummond
NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
 Se os olhares se cruzarem e, neste momento,houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
 Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
 Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.
Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.





Coreografias "Joca Vergo"


 






"Uns e Outros" Ivan Mota








Espetáculo do coreógrafo Ivam Mota

"Ciência ínfima" Antero de Quental



Ciência ínfima
 
Antero de Quental
 



Onde o grande caminho soberano
 



Da Ciência que abriu a nova era,
 



Investigando a entranha da monera,
 



A desvendar-se no capricho insano?
 



Ciência que se elevou à estratosfera
 


E devassou os fundos do oceano,
 




Fomentando o princípio desumano
 



Da ambição onde a força prolifera...
 



Ciência de ostentação, arma de efeito,
 



Longe da Luz, da Paz e do Direito,
 





Num caminho infeliz, sombrio e inverso;
 


Sob o alarme guerreiro, formidando,
 


Eis que a Terra te acusa, soluçando,
 


Como a Grande Mendiga do Universo!...





Encontro em Dois Planos





Cecília Bazzotti e Celito




Aos crentes
Alphonsus Guimarãens

Ó crentes de uma outra vida,



Que andais no mundo exilados,
Nos caminhos enevoados,
Lendo o missal da amargura!
Esperai a sepultura,
Ó crentes de uma outra vida! ...
Tangei harpas de esperança,
Nas lutas de vossa esfera,
Porque a Morte é a primavera
Luminosa, eterna e imensa...
Filhos da paz e da crença
Tangei harpas de esperança!...